São Bernardo do Campo.
6:30h.
Frio... muito frio! (que maravilha)
Chegamos ao hospital eu e minha mãe e, após dar entrada em toda documentação, alguns cigarros tragados por força da ansiedade, alguém chamou meu nome. Sozinho, subi seis andares e fiquei internado no quarto 610-B.
Lá conheci diversas pessoas que me ajudaram de muitas maneiras, principalmente a me acalmar e passando a idéia de que tudo aquilo seria como um sonho... logo acabaria e eu estaria deitado em minha cama, no conforto da minha casa e super bem.
Conversei para passar o tempo.
Ouvi música para continuar o sonho.
Chorei para aliviar o medo.
E como chorei.
Era eu ficar sozinho que as lágrimas escorriam e eu tremia. E todos achavam que estava tremendo por causa do frio. Quem me dera.
Me chamaram umas 9:30h para a sala de espera do centro cirúrgico e fiquei lá até umas 11:30h.
Deitado, tomando soro, conheci mais pacientes e funcionários que por ali passavam. Me diverti um pouco com alguns deles e até consegui sorrir. E pedia a todo o momento para irem avisar a minha mãe que o procedimento não havia começado.
E consigo me recordar apenas das duas enfermeiras me conduzindo na maca para a sala de cirurgia - um lugar pequeno, branco, metálico, iluminado e gelado - do anestesista entrando na sala e conversando comigo, dele aplicando uma pequena quantidade de um líquido na sonda do soro, das enfermeiras me ajudando a sentar e eu apertando a mão de uma delas pedindo para não soltar.
Acho que aí que o sonho começou. E foi rápido. Muito rápido.
Horas depois, que para mim foram segundos, eu despertei embriagado com a claridade das luzes e o movimento das paredes dos corredores do hospital. Voltava ao quarto.
Lá dormia e acordava, dormia e acordava. Só dava para fazer isso. Que chato.
A imagem de minha mãe vinha aos meus olhos, mas eu não me lembro muito bem. Só me lembro do som da conversa entre ela e mais algumas pessoas que ali estavam.
A noite ficou silenciosa, pois ninguém poderia ficar no quarto. E eu continuava dormindo e acordando e, algumas vezes, conseguia fumar escondido no banheiro da suíte hospitalar já que não me deixavam descer para fumar lá embaixo.
Na manhã seguinte acordei e fiquei aguardando a entrada do médico no quarto para me dar alta. E felizmente aconteceu rápido.
Minha mãe foi me buscar e voltamos juntos para casa de ônibus.
O sonho definitivamente havia acabado.